terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Expedição aos sertões do Nordeste busca doenças associadas à extrema pobreza

No início do século XX, os sanitaristas Carlos Chagas e Belisário Pena percorreram os sertões do Brasil mapeando e descobrindo doenças. Para comemorar o centenário dessas expedições, mais de 30 pesquisadores de unidades da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) de Pernambuco, Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro voltam a campo com o objetivo de atacar doenças associadas à extrema pobreza ainda existentes no país. Eles integram os laboratórios do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), um dos muitos ligados à Fiocruz.
A nova expedição começa nesta segunda-feira (23), com a proposta de levar a crianças, adultos, agentes de saúde e professores de Paudalho, no interior de Pernambuco, a cultura da saúde para o combate às doenças da extrema pobreza – esquistossomose, tuberculose e helmintíases são algumas das que ocorrem no município pernambucano, escolhido para receber os pesquisadores justamente por integrar o Projeto Sanar, do governo estadual. Outras doenças consideradas da pobreza são hanseníase e tracoma.
“O objetivo é mobilizar professores, educadores, agentes de saúde e a comunidade para a superação da pobreza. É importante combinar promoção da saúde com prevenção de doença, o que implica troca e aplicação de conhecimentos e mudanças culturais. Para isso, escolas e grupos têm papel importante a desempenhar”, diz a diretora da Fiocruz e líder da iniciativa, Tânia Araújo Jorge.
Para atingir esse público, sensibilizar e mobilizar as pessoas, as expedições contemporâneas da Fiocruz começaram pelo Nordeste e se espalharão por todo o país. Durante a semana, a população de Paudalho terá acesso a debates, oficinas, cursos, exposições, atividades culturais e de campo.
Busca ativa – Na praça principal da cidade, em tendas, os moradores poderão interagir com os técnicos. Numa delas, o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) cadastrará pessoas nos programas Bolsa Família e Benefício de Prestação Continuada (BPC). O objetivo é efetivar a busca ativa, estratégia do governo federal para incluir a população extremamente pobre no Plano Brasil Sem Miséria. Atualmente, 12 mil famílias do município estão inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal e 8 mil recebem o Bolsa Família.
Para Tânia Araújo, a integração das esferas municipal, estadual e federal é necessária para superar esse quadro. “A integração das políticas nos territórios é fundamental para que os usuários dessa política superem os problemas relacionados à extrema pobreza.”
Paudalho, a 60km de Recife, tem pouco mais de 50 mil habitantes. A economia do município gira em torno do cultivo de cana-de-açúcar, avicultura e olarias. “A maioria da população ganha menos de dois salários mínimos e muitas, abaixo de um”, informou o prefeito Fernando Moreira.
Doenças da pobreza – Associadas às más condições de higiene e saneamento, são consideradas doenças da pobreza verminoses como a helmintíase e a esquistossomose (ou barriga d’água), causadas por parasitas; a hanseníase (também conhecida como lepra), infecciosa e contagiosa; o tracoma (doença oftálmica bacteriana, altamente contagiosa); e a tuberculose (doença principalmente pulmonar, também de alto poder de contágio, provocada por uma bactéria).

Raphael Rocha

Ascom/MDS
3433-1021
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